Noticias

AOFA participou no Colóquio promovido pela Associação de Praças (AP) – “Recrutamento Militar, Desafios e Oportunidades”

O Colóquio decorreu no auditório do Instituto de Defesa Nacional (IDN) e teve participação alargada dos diversos Agentes directamente envolvidos e/ou interessados nesta relevante matéria (Ministério da Defesa, Marinha, Exército, Força Aérea e Associações Profissionais de Militares). A AOFA foi representada pelo Presidente do Conselho Nacional, Tenente-Coronel António Costa Mota, que fez uma alocução no encerramento do colóquio e também através do Capitão de Mar-e-Guerra António Almeida de Moura (moderador no 1º painel) e do Coronel Jara Franco (representante da AOFA no 3º painel).

Consumando mais um evento que primou pelo sucesso organizativo e pela plena oportunidade e relevância das temáticas em apreço, a Associação de Praças (AP) levou a efeito no Instituto de Defesa Nacional (IDN) um interessantíssimo e muito participado Colóquio denominado “Recrutamento Militar, Desafios e Oportunidades”.

Composto por quatro painéis temáticos (ver programa em anexo) cuja complementaridade permitiu ter uma panorâmica global da questão do Recrutamento Militar, Diagnóstico e Apresentação de possíveis soluções para os inúmeros problemas com que se debate esta componente vital das Forças Armadas, o Colóquio decorreu em bom ritmo e contou com um tão vasto quanto interessante conjunto de intervenções produzidas pelos Centros de Recrutamento das Forças Armadas (FAs), Direcção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, Associações Socioprofissionais e, finalmente, numa perspectiva de futuro, a visão dos três Ramos das FAs.

O diagnóstico efectuado e baseado na situação actual é, como não poderia deixar de ser, extremamente preocupante, tendo os Centros de Recrutamento, em uníssono, reportado incorporações em 2016 na ordem dos 50% das necessidades regulares de recrutamento, realidade tão mais preocupante quanto se sabe que os três Ramos têm vindo a perder sucessivamente efectivos. A realidade que importa reter é a de que as Forças Armadas estão claramente, na ordem dos milhares, abaixo dos efectivos necessários ao seu regular funcionamento, mesmo tendo em conta a Directiva 2020 promovida pelo anterior governo, já ela muitíssimo restritiva em termos de efectivos, aspecto que naturalmente teve enfoque especial.

As causas desta realidade são inúmeras, desde logo questões técnicas como as da eliminação de candidatos com problemas de visão, de audição, eliminação por ostentação de tatuagens ou por insuficiências várias ao nível de testes psicotécnicos e físicos. Estes são aliás os problemas concretos com que se debatem diariamente os nossos Camaradas responsáveis pelas áreas de recrutamento.

No entanto e a montante o que na verdade se verifica, e foi bem expresso pelas Associações Profissionais e confirmado de forma mais ou menos “tímida” por parte dos restantes intervenientes, é a evidente falta de atractividade de que hoje se revestem as Forças Armadas (insuficientes condições remuneratórias, no apoio social, na assistência na doença, bloqueamento de carreiras, “prisão” dos Militares nas Forças Armadas por impossibilidade prática de se desvincularem do serviço sem recurso a grandes penalizações, comparação altamente desfavorável de condições quando comparadas as oferecidas pelas Forças Armadas e, a título de exemplo, pela GNR e a PSP, ou não reconhecimento “civil” das competências profissionais e das habilitações académicas obtidas no seio das Forças Armadas.

Todas estas questões, conjugadas, permitem traçar um quadro muito preocupante da realidade actual e temer, de forma bem consolidada, pelo futuro já no curto prazo se não houver respostas muito efectivas, determinadas e verdadeiramente concretas a todas estas questões dada a realidade incontornável de estarem as Forças Armadas confrontadas com o facto de terem como concorrenciais outras alternativas bem mais apelativas em termos de condições oferecidas aos candidatos e potenciais candidatos. Acresce ainda uma outra realidade. A exigência física, psiquíca e de interiorização de valores e empenhamento dos Militares não tem par na Sociedade o que faz com que se torne “literalmente impossível” e, acrescentamos nós, absolutamente indesejável, que se caia na tentação de “alargar malhas” de exigência nos processos de recrutamento e selecção, pese embora um ou outro “ajustamento” sempre passível de ser efectuado num processo tão complexo como exigente.

Parece pois restar a “alternativa”, por todos sabida mas por alguns ainda renitentemente assumida, que as principais soluções terão de passar, com carácter de urgência, não só pela melhoria muito considerável das condições oferecidas aos candidatos, mas igualmente pelas que hoje vigoram e são aplicáveis aos Militares porque a questão dos Efectivos das Forças Armadas tem de ser analisada na sua globalidade “pouco adiantando o reforço do quantitativo de entradas” quando se verifica, a jusante, uma autêntica sangria dos que, prestando Serviço nas Forças Armadas pretendem abandoná-las, pelas mais diversas formas, por se sentirem completamente defraudados pela vastíssima gama de “malfeitorias” a que permanentemente estão sujeitos.

Em suma, este Colóquio marcou um momento de grande relevância na análise destas complexas questões, cujos diagnósticos e potenciais soluções estão perfeitamente identificados, aguardando-se da parte de quem tem o poder de alterar este “estado a que chegaram as Forças Armadas” medidas muito urgentes e muito concretas que dêm resposta cabal a este enorme problema que, mais que colocar em causa a Instituição Militar, coloca em causa a Soberania Nacional e um pilar fundamental do Estado que todos nos constituímos.

Previous post

Regimes de Voluntariado e de Contrato: a precariedade nas Forças Armadas

Next post

Sua Excelência o CEMA recebeu a AOFA em audiência

admin