AOFA presente no 17th Presidium Meeting da EUROMIL
Realizou-se nos dias 20 e 21 de abril de 2018 o 117th Presidium Meeting, em Bruxelas na Bélgica. A AOFA fez-se representar por 2 delegados, num total de cerca de 50 das associações e sindicatos membros, permanentes e observadores, registados na EUROMIL.
A EUROMIL realiza duas reuniões deste tipo – Presidium Meeting – por ano, sendo nestas reuniões que os membros do Presidiumaprovam as políticas traçadas no Board, decidem sobre a adesão de novas associações e sindicatos como membros e aprovam o orçamento.
O evento iniciou com a sessão inaugural, composta pela intervenção do Presidente da EUROMIL e os discursos de três oradores, de reconhecido mérito, convidados.
O Presidente da EUROMIL, Emmanuel Jacob, deu as boas-vindas aos delegados em Bruxelas. No seu discurso de abertura focou que a União Europeia (UE) está visivelmente numa fase de transformação de uma entidade “Soft Power” para uma instituição que se preocupa cada vez mais com a segurança dos seus cidadãos – dando como referência as diligências efetuadas para a cooperação militar entre os seus membros, através do projeto PESCO (The Permanent Structured Cooperation), que é a “face visível” da política adotada no âmbito da Common Security and Defence Policy (CSDP).
Ressalvou que, apesar dos esforços de todos os membros na PESCO, a mesma não integra a dimensão humana, sendo por isso, para o Presidente da EUROMIL, imperioso que os lideres europeus se foquem no pessoal militar, enquanto “potencial estratégico humano”, em termos de harmonização das condições de trabalho e da proteção social.
Seguiram-se os discursos de três oradores convidados:
- Tenente General Esa Pulkkinen, General of the European Union’s Military Staff, EU Military Staff (EUMS)
- Chevalier Cleaves, Inclusion Thought Leader, Inaugural US Air Force Chief Diversity Officer
- Video speech by Marianne Thyssen, European Commissioner for Employment, Social Affairs, Skills and Labour Mobility
O primeiro orador, o Tenente-General Esa Pulkkinen, atualmente “Secretário Geral” do Estado-Maior da União Europeia (EUMS), manifestou o seu apreço pelo trabalho da EUROMIL e salientou publicamente que, enquanto membro da Associação Finlandesa de Oficiais, sempre pôde contar com o apoio da EUROMIL. O General sublinhou repetidamente a importância de partilhar e defender os valores europeus a vários níveis, nomeadamente, e também, em relação a questões de segurança que estão atualmente a preocupar, face a vários acontecimentos recentes, cada vez mais os cidadãos da UE. O General destacou que é importante reforçar a colaboração entre os estados membros e que a PESCO é uma das plataformas que a facilitam. Refere que a UE é uma instituição de “Soft Power” mas com uma dimensão militar, o que lhe permite a capacidade de garantir a segurança dos seus cidadãos e possuir “instrumentos” para a sua concretização, um dos quais é o “Military Staff” – EUMS. No final o General enfatizou que as missões tradicionais no setor militar não irão desaparecer, no entanto, devido à mudança de condições e solicitações, para emprego do vetor militar no terreno, é crucial as chefias focarem-se no fator humano.
O segundo orador, Chevalier Cleaves, Inaugural US Air Force Chief Diversity Officer, partilhou a sua opinião sobre a importância da diversidade e da inclusão em diferentes setores, incluindo o militar. Destacou a existência de realidades demográficas e globais distintas que estão a incentivar e a alavancar os líderes a entender o significado da diversidade no setor militar e a encontrar formas de a gerir. Ressaltou que um líder de sucesso deve ter um conjunto de competências que lhe permitam responder às especificidades do seu papel e à complexidade do mundo moderno. Terminou o seu discurso apelando à reflexão, de todos os presentes, com um conjunto de perguntas abertas, sobre a temática, como por exemplo – qual o impacto da diversidade e inclusão no alcance de metas estratégicas definidas para o setor militar?.
A sessão de abertura terminou com a projeção do discurso, em video (assista ao video), entregue por Marianne Thyssen, Comissária Europeia para o Emprego, Assuntos Sociais, Competências e Mobilidade Laboral.
A Comissária prestou homenagem aos homens e mulheres diariamente empenhados na segurança dos cidadãos europeus e salientou que todos esperam que a Europa cuide e garanta o seu futuro económico e social. Salientou também que a Diretiva relativa ao tempo de trabalho, já existente, se aplica a todos os setores e responde às necessidades de atividades específicas, como o trabalho das Forças Armadas. M. Thyssen afirmou que o futuro da profissão militar levanta questões sobre os efeitos do desenvolvimento tecnológico, uma vez que a inteligência artificial e as novas tecnologias terão, com certeza, um enorme impacto no setor militar.
Após os discursos da sessão inaugural foi organizado um painel subordinado à temática “O futuro da profissão militar”, constituído por três palestrantes. O moderador, Thiébaut Weber, Confederal Secretary ETUI, abriu o debate apontando o quanto a discussão dos sindicatos sobre o futuro do trabalho e do mercado de trabalho e o debate da EUROMIL sobre o futuro da profissão militar têm em comum. Enfatizou que numa era em que a inteligência artificial e as tecnologias modernas estão em ascensão, não deveremos esquecer a dimensão humana e o fato de que as decisões “de vida e morte” devem sempre ser tomadas por um ser humano.
O primeiro orador, Roger Housen, Representante da ACMP-CGPM, refletiu sobre as mudanças demográficas e sociais e o impacto na profissão militar, de um lado, e sobre o sindicalismo militar, de outro. Referiu a mudança de paradigma no mercado de trabalho com a entrada no mercado dos “millennials” (Termo que se refere à primeira geração de nativos digitais. Os “millennials” são também designados de geração Y e da Internet e são trabalhadores que desde pequenos, criaram uma relação íntima com as novas tecnologias e dominam a internet como ninguém), uma vez que estes valorizam muito mais o equilíbrio trabalho-vida do que as gerações anteriores, interessam-se menos pelas hierarquias e burocracias tradicionais. Na sua opinião as associações militares e sindicatos devem ter estes factos em consideração e, consequentemente aprofundar a sua cooperação, nacional e internacional, como forma de dar resposta num mundo que hoje é global.
A segunda oradora, Róisín Smith, Senior Research Fellow, Edward M. Kennedy Insitute for Conflict Intervention, Maynooth University, Ireland, apresentou o projeto “ Gaming for Peace”. Destacou o facto de já existirem muitos complexos de treino para o pessoal integrado nas operações de manutenção da paz, mas que os estudos e pesquisas efetuadas concluíram a existência de um “GAP” no treino das “Soft Skills” do pessoal destacado nessas operações.
Considerando que o trabalho em equipa, a cooperação, a gestão do stress e a tomada de decisões em ambientes culturalmente diferentes são competências necessárias e essenciais aos elementos destacados, o projeto “Gaming for Peace” pretende desenvolver um software (na pratica uma espécie de simulador) em que é possível treinar estas competências de forma interativa. Os participantes podem treinar competências sociais, receber feedback imediato e permite observar e vivenciar diferentes situações e cenários através de pessoas diferentes (forças militares de manutenção da paz, forças policiais, representantes de ONGs …) (consulte a apresentação aqui)
A terceira oradora, Chiara Riondino, Policy Coordinator, B1 Employment strategy, DG EMPL, partilhou a perspetiva da Comissão Europeia sobre o futuro do trabalho. Ela enfatizou que as instituições da UE compartilham a mesma análise sobre as vantagens e desafios do futuro do trabalho. Embora, por um lado, haja uma tremenda oportunidade de desenvolvimento e crescimento, há, por outro lado, muitas zonas cinzentas legais, que exigem, e urgentemente, análise e regulamentação adequada. A Comissão reconhece o valor acrescentado do factor humano e a importância crescente da representação dos trabalhadores nas associações e nos sindicatos para que as suas vozes tenham eco.
Após as três intervenções seguiu-se um interessante debate em que, muitas questões foram levantadas e discutidas, tais como a necessidade de recrutar pessoal, física e mentalmente apto, para a natureza da profissão militar e as dificuldades de treino para o desconhecido. O moderador, Thiébaut Weber, resumiu o debate afirmando que as Forças Armadas são certamente um dos melhores exemplos de um setor onde os seres humanos não podem ser substituídos por robôs, o que também é a prova de que as organizações e os sindicatos ainda são necessários no futuro como garante das condições de trabalho.
Durante a tarde, foram organizadas duas apresentações sobre tópicos considerados importantes: Alin Bodescu, Gestor de Formação, Escola Europeia de Segurança e Defesa (ESDC), apresentou a European Security and Defence College (ESDC) e os cursos e programas de formação lá ministrados (consulte a apresentação aqui). Irina Bratosin D’Almeida, Gender Adviser da EUPOL COPPS, apresentou as conclusões de um estudo sobre “ Women in CSDP missions”, que foi solicitado pelo Parlamento Europeu (consulte a apresentação aqui).
O dia de trabalho terminou com três workshops, em paralelo, nos quais os delegados presentes discutiram temas como o recrutamento, igualdade nas Forças Armadas e pontos de contato da associação em missões no exterior.
No sábado de manhã foram discutidos e analisados os relatórios internos. O Presidium votou e aceitou a “Panhellenic Federation of Armed Forces Unions” (P.FE.AR.F.U.) como membro observador e excluiu como membro a associação italiana Pastrengo por não cumprimento do regulamento, nomeadamente falta de pagamento das taxas associadas. A EUROMIL conta agora com 34 associações e sindicatos membros de 23 países.
O próximo “Presidium Meeting” será realizado em outubro de 2018 em Budapeste, Hungria.